sábado, 5 de julho de 2008

Quip'aut (Ou "keep out")

A maior vantagem da internet bandalarga é a velocidade de conexão. Além disso, os provedores de acesso vivem martelando outra virtude: deixa livre a linha telefônica. Não vejo vantagem nenhuma nesse negócio de deixar a linha telefônica livre. Deve fazer uns dois anos desde que alguém tentou pela última vez me achar no telefone de casa. Todo mundo sabe que, se eu estou em casa, eu estou na internet. Ou na tevê, ou brincando com o Valdemar. Ou lendo classificados. Quem me conhece manda e-mail ou liga no celular. Eu só me atrasei pra aderir ao orkut: acho que foi em 2004.

De que adianta deixar a linha telefônica livre? Se eu deixo a linha telefônica livre, eu sei bem quem telefona. Ah, sei. Acontecia todo sábado. Eu desligava a internet, me preparava pra sair e o telefone começava a tocar. Toca, toca, toca, toca e eu não atendo. Daí desligam. E tentam de novo: aí pegava a porcaria do telefone e pimba (expressão jurássica, claro).

Mal eu dizia "Alô?" e do outro lado da linha aparecia uma voz calorosa, às vezes de homem, às vezes de mulher, às vezes de não-sei, com uma animação totalmente incompatível com as 10h da manhã. A pessoa fala, com uma convicção i-na-cre-di-tá-vel: "BOOOOOM DIIIAAAAAA!". Eu retribuía com meu cumprimento-padrão dos sábados de manhã: "Ah, não. Telemarketing, não. Obrigada."

Podem me chamar de mal-educada. Eu aceito a crítica. Mas vamos ser práticos: se eu não for mal-educada no pontapé inicial, vou ser mal-educada aos 5, aos 10, aos 15 minutos do primeiro tempo. Porque é impossível se desfazer civilizadamente de alguém que quer lhe vender algo que você não quer comprar, numa hora que você não gostaria sequer de estar acordado e por um meio que deveria ser proibido pela Constituição, pela Anatel e pelos herdeiros de Graham.

Tudo bem. Eu sei que o telemarketing deve funcionar com alguém, senão não existiria. Assim como tem gente que compra mapa-múndi no sinal, deve haver quem caia na lábia de vendedores de seguros e cartões de créditos adicionais (sobretudo naquele estágio de semi-inconsciência em que as pessoas se encontram nos sábados pela manhã).

Claro que eu sei que do outro lado da linha tem uma pessoa honesta e trabalhadora que, absolutamente, não merece que eu bata o telefone na cara. Longe de mim querer tirar o sustento de tanta gente. 'Bora combinar: quanto que eu pago pra ninguém ligar aqui em casa me vendendo coisas sábado de manhã? Dá pra debitar em cartão de crédito?

No sinal a gente deixa o vidro fechado, liga o ar (ou morre de calor: na falta dele) e olha fixamente pro infinito, completamente "distraído". Na internet a gente joga o e-mail no lixo antes de abrir (eu faço muito). No celular a gente vê quem tá ligando. Será que não dava pro telemarketing colocar uma musiquinha de alerta, que nem nas ligações a cobrar?

Por falar em ligações a cobrar, bem que poderiam inventar uma linha 0398 de uso obrigatório pro telemarketing. Funcionaria que nem a 0300, só que ao contrário. A cada minuto que você agüentasse uma ligação dessas você ganharia um crédito de 27 centavos (mais impostos) na sua conta telefônica.

Se bem que essa semana eu nem posso reclamar tanto assim. Consegui cancelar um cartão de crédito (por telefone) em menos de 5 minutos. Se alguém precisar de ajuda nessa área, é só me ligar. Quer dizer: manda e-mail que é melhor.

2 comentários:

Vanessa disse...

Eu fico louca se interrompem meu sono celestial em pleno sabadão...atendo com uma voz tão funebre, que a pessoa do outro lado desiste na hora...

Unknown disse...

Telemarketing é o 'ó!'!
Sempre me ligam na hora do jantar...e assim como você também já vou botando pra correr os pobres...rsrsrsrs...