sábado, 31 de maio de 2008

Daqui pra lá é um pulo

No mundo do serviço público há um fato corriqueiro. Aquele funcionário que nada sabe fazer vira chefe, afinal o coitado tem 2 filhos pra criar. Quem não tem pré-requisito para uma determinada função técnica, ganha uma função gerencial um pouco melhor, pelo mesmo motivo: filho pra criar. Então, é um grande negócio, especialmente no serviço público, você ser inútil. Quem sabe faz, quem não sabe (ou é preguiçoso demais) automaticamente ganha um cargo onde possa desenvolver a sua maior especialidade: a de cultivar o ócio, matar o tempo, cozinhar o galo, conversar miolo de pote. Isto acontece inclusive nos meios feitos exclusivamente para garantir a boa vida de seus componentes, como os partidos políticos, por exemplo. Aquele companheiro mais ridiculamente incompetente e imprestável, o ser mais burro, canhestro e zero à esquerda certamente será o candidato do partido, senão, como ele poderá ganhar a vida, coitado? Sua inutilidade foi sua salvação. Ninguém percebe isto de cara e chama o cara de sortudo. Ele não é sortudo, ele é um inútil. Os outros que são trabalhadores e produzem algum suor, cada vez suam mais para chegar onde o zero à esquerda chegou, não conseguem e reclamam, "meu Deus, eu dou um duro danado e não sou recompensado", quando o problema é justamente esse, se fosse um inútil, estaria muito bem colocado. O problema é que a inutilidade é muito mal vista. Talvez por nossos instintos, cinco sentidos e imensa fome, vemos o quanto é útil tudo o que nos alimenta, esquecemos que nossa alma não precisa do mesmo alimento que o nosso intestino. E vivendo como se não tivéssemos alma, achamos lindo que algo seja útil e com isto nos recusamos ver beleza e função na inutilidade. A inutilidade da arte, por exemplo, qualquer arte que sirva para alguma coisa, não é arte, é artesanato, desses vendidos nas feiras de praças. Além da arte, o que mais é inútil? Por que pode ser inútil algo sublime como a arte? Inútil em qual sentido? Até quando? Que vantagem há em se ser inútil? Isto se aplica a tudo? Ou seria o inverso? Aquilo que é inútil, ganha, por isto mesmo, o status de arte, como o incompetente do começo do texto, que ganha uma recompensa pela sua total falta de jeito? Divagar, divagar, vamos divagar com esse andor. Já falamos aqui que a poesia, por exemplo, era útil quando nasceu, pois servia para contar uma história e transmitir oralmente fatos em uma época em que não existia outro tipo de memória. Quando o pergaminho chegou, a poesia se tornou inútil e com isto ganhou asas e virou a poesia que é hoje. Uma coisa simplesmente bela, sem nenhuma outra função. No reino das coisas inclusive, só algo inútil tem uma identidade. Só o inútil é livre e só o inútil sobrevive. Sobrevive porque é inútil. Aqui estou falando de coisas, não de gente. No caso da liberdade aplica-se a pessoas também. Gente inútil é livre e quanto mais inútil, mais livre é. Ser inútil é ter sua existência por causa e centrada em si mesmo e só. Ser inútil é não ter alguém para sustentar. É existir por existir sem ser necessário a nada e a ninguém. Uma obra de arte é inútil neste sentido. Uma árvore cuja madeira para nada serve, jamais será derrubada. Um bicho cuja carne ninguém gosta, morre de velho. São as vantagens que a inutilidade traz ao indivíduo inútil. Por outro lado, quando a árvore é útil e o bicho é delicioso, isto será ótimo para a espécie, pois o homem fará cultura daquela árvore e daquele bicho, justamente para consumir os indivíduos. E assim voltamos à frase novamente, só algo inútil tem ou poderá ter uma identidade, uma individualidade. Nós, porém, devemos ser úteis e correr o risco da nossa utilidade, pois devemos ter consciência de que quanto mais úteis formos, menos nossa será nossa vida. Interessante é que a utilidade de um artista consiste justamente em produzir inutilidades porque elas são necessárias. É. Devo ter surtado.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Por que o mundo é um lugar insuportável?

Violência? Fome? Doenças? Catástrofes naturais? Jorge Dáblio Arbusto? Os discursos do Efelentífimo? Vendedores de pamonha às oito da manhã? Ônibus lotado? Trânsito irritante? Barulhinho de lixa de unha? Gente burra que procria? Ugh, francamente.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Procrastinadores do mundo: uni-vos!

Mas agora não, damage...
Me avisem quando isso acontecer.

domingo, 18 de maio de 2008

Anel de dotô

Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou: Fão coivaf noffaf.

Rir é o melhor medicamento

Se rir fosse o melhor remédio, os médicos seriam humoristas. Dá uma olhada na receita, é tiriqueda! Contariam duas ou três piadas saindo, assim, da crise. E então receitariam um programa de tevê, um de rádio e dois livros de piadas que seriam vendidos em farmácias (nas maiores da sua cidade). Os palhaços seriam vistos como pajés ou xamãs: gente que faz uma medicina mais ancestral. As piadas variariam de temas, de acordo com a doença do paciente. Piada sobre bêbado, por exemplo, seria ótima para o fígado. Piadas de papagaio curariam o aparelho respiratório e fonador. Piadas sobre crianças seriam perfeitas para problemas sexuais e do aparelho reprodutor. Os médicos se especializariam em certos tipos de piadas e um ou outro gênio seria assim um Ary Toledo da medicina. Se alguém chega ao hospital chorando, claro que é falta de uma boa piada. Algumas pessoas simplesmente não sabem contar, então, a demanda por atendimento ambulatorial aumentaria e muito. Tem gente que chora à toa e gente que ri à toa, depende de como anda a sua saúde. Então surgiria uma doença rara não identificada, uma síndrome qualquer que mesmo depois de toda piada o paciente continuaria sem sorrir. Depois descobririam que não sorria porque era surdo. Entrariam em cena, então, as piadas na língua de sinais. Os hipocondríacos levariam consigo os livros do Millôr. Viva a ciência.

Eu não voto (?)

Se o voto fosse mesmo secreto, deveríamos votar disfarçados. Quem não votasse com algum tipo de camuflagem seria preso por crime eleitoral. Aliás, gostar de votar é mesmo coisa de quem camufla. E tenho dito.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

No doughnut for you

Fui abrir uma conta no Yahoo! Brasil.
Great: tudo certo. Até que me apareceu um educado recadinho:






O n
ovo Yahoo! Mail ainda não está disponível para você. Não é nada pessoal, apenas o estamos lançando aos poucos. Mas não se preocupe, você irá conhecê-lo em breve (...).





A parte "nada pessoal" é a pior.
Ora, francamente!
Eu vou esperar, viu?!


NOTA: Do português "dã'nát"
FOTO: Flickr.com