segunda-feira, 30 de junho de 2008

Esse é grande

E tenho o prazer de escrever mais uma vez (sim: essa história já foi ao ar em setembro de 2007). A essa época me apareceu uma criatura: uma amiga de colégio que não via desde então. Estava em Bruxelas (o lugar é fictício: não conheço Bruxelas) e queria me encontrar. Por sugestão dela marcamos numa pizzaria. Fui. Olhei em volta no bar, nas mesas e não percebi qualquer pessoa que se parecesse com ela. De repente, ela pulou na minha frente [susto]. A última vez que a vi foi há 70 quilos: estava IMENSA, era assustador.

Tente ser natural usando os sorrisos amarelos da minha coleção para momentos de aperto. Sentamo-nos em uma mesa de restaurante que servia em sistema de rodízio. A moça era ansiosa, esquisitona, barbada e a essas alturas eu já sabia que estava enfiada em um belo programinha de índio. Pra enriquecer meu tempo - já que a coisa ia durar, resolvi contar quantas fatias ela engoliria naquela noite. Havia ali, visivelmente, uma tendência ao exagero, mas jamais imaginaria que o número de fatias chegasse a 29 (vinte-e-nove, qualquer carência visual em algarismos). Misturava calabreza com pizza de chocolate num sem-cerimônia de corar Rei Momo. Saí dali balançada. Não tenho nada contra os gorduchos que só fazem gordices, que comam se lhes trazem prazer. Nem todo mundo precisa pagar o preço pra ter o corpo da Cindy Crawford. Só que, no caso, havia algo mais além do prazer.

Pus-me a pensar nas compulsões. O que leva uma pessoa a se entupir de álcool quando o estômago já está satisfeito desde a terceira dose? Os compulsivos têm um desequilíbrio de hormônio que avisa quando está satisfeito ou ainda precisar de mais. Faz sentido e pode surgir aí uma explicação química para tanta ambigüidade.

Também tenho as minhas esquisitices: e não são poucas. Tenho insatisfações, coisas que gostaria mas não posso consertar. Gostaria, por exemplo, de ter mais 5 centímetros de perna, ou a cintura da Marilyn. E cultura (muita culltura!) - como seria bom lembrar qual das Natashas me comoveram mais, se a do Tolstoi ou a de Dostoievski, mas a memória fugiu e levou tudo com ela. Sobram lembranças bestas nos buracos negros onde antes viveram livros e filosofias que fizeram minha cabeça. É triste: mas nem por isso meu corpo pede 8 cheese burgers pra preencher as lacunas (eu detesto essa palavra típica de 4ª série!).

Rum um.

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